RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA

O cristão vive tanto na igreja quanto no seu mundo e tem responsabilidade com ambos.

Alguns dos nossos problemas: não geramos discípulos, mas meros cumpridores de programas ou freqüentadores de reuniões. É preciso sempre lembrar que não podemos tirar o homem do mundo, mas que é preciso tê-lo transformado, com novas convicções e novos padrões.

Paulo em sua carta aos Efésios, capítulos 1, 2 e 3, ensina sobre a nova vida que eles (Efésios) receberam em Cristo, Isto deve dirigir a igreja a repensar sua atuação na sociedade, como instrumento de transformação. Com isso, não queremos:

g Pregar um evangelho espiritualizante – acreditando que o fato de “aceitar Jesus” resolverá todos os problemas de uma pessoa.

g Pregar um evangelho social – preocupar-se com os problemas materiais e omitir a necessidade de uma conversão verdadeira que transforme a natureza humana. É certo que somente através da conversão, é que se consegue influenciar positivamente seu mundo.

            Bruce L. Shelley, em seu livro “A igreja: o povo de Deus” (Edições Vida Nova) estabeleceu uma distinção entre: Preocupação Social, Serviço Social e Ação Social. Vejamos que ele define cada um desses termos;

- A PREOCUPAÇÃO SOCIAL é uma atitude. É a percepção por parte do cristão de que a salvação é dirigida ao homem inteiro. Trata-se de reconhecimento da aplicação do evangelho dos ferimentos e formas do homem, assim com a sua culpa.

- SERVIÇO SOCIAL refere-se a todos os serviços que a igreja ou cristãos prestam a fim de assistir as vítimas de Problemas Sociais.

A maioria das igrejas e crentes individualmente demonstra “Preocupação Social” através de oração pelos problemas sociais que afligem o mundo. Esta preocupação é legítima e tem incentivo bíblico.

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador.” (I Timóteo 2:1-3)

            Bem menor, porém, é o número de igrejas e crentes que desenvolvem alguns tipo de Serviço Social. Este serviço encontra respaldo na palavra, no exemplo dos primeiros cristãos.

“Em Jope havia uma discípula chamada Tabita, que em grego é Dorcas, que se dedicava a praticar boas obras e dar esmolas.” (Atos 9:36)

“Quanto à coleta para o povo de Deus, façam como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso fazer coletas quando eu chegar. Então, quando eu chegar, entregarei cartas de recomendação aos homens que vocês aprovarem e os mandarei para Jerusalém com a oferta de vocês.” (I Coríntios 16:1-3)

            É raríssimo ver igrejas ou crentes verdadeiramente envolvidos numa Ação Social. Em geral, a igreja se omite e até desencoraja seus membros acerca de envolvimentos em causas políticas que visem modificar ou mesmo derrubar estruturas injustas. No entanto, esta atitude está presente na palavra. Muitos servos do Senhor estiveram envolvidos em Ação Social, confrontando governantes ou mesmo se rebelando contra governos injustos. Alguns exemplos bíblicos:

a)      Joaiada – sacerdote que fez aliança com os capitães para derrubarem a usurpadora Atalia, afim de estabelecerem joás com rei de Judá (II Crônicas 23).

b)      Neemias – Judá (Neemias 13)

Somos chamados não apenas para desenvolver uma Preocupação Social e para prestar Serviços Sociais, mas também para uma Ação Social efetiva.

FATORES QUE IMPEDEM A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA

[ Fanatismo religioso: é aquele que aprendem a valorizar os significados espirituais que possui dentro de si. Porém, os mesmos tornam sentido tão elevado, que se esquece e ignora as outras áreas de vida.

Alguns cuidados necessários:

- Ativismo vazio e infrutífero. A igreja precisa possuir relação com a vida humana.

- Espiritualização. Usar a religião como proteção contra os problemas comuns da vida humana.

- Hipervalorização das experiências acima dos valores da vida humana.

[ Secularização: pregação em declínio por não exercer influência na vida comum. A igreja precisa ser agência de transformação de pessoas através de uma pregação bíblica consistente e contextualizada.

A IGREJA COMO AGÊNCIA DO REINO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

 A igreja é a esperança do mundo. (Pr. Bill Hybels). Vejo que ela tem a mensagem que ninguém tem; o poder que ninguém tem e e força que ninguém tem. É certo que a tarefa prioritária da igreja é a pregação do evangelho; este que no ensino de Paulo é o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê". (Romanos 1:16).No entanto, não se pode relegar a ação social, como tarefa da igreja. A proclamação do evangelho é inseparável da manifestação concreta do amor de Deus.

                A vontade expressa de Deus é, que as pessoas alcancem uma vida que encontre seu  significado em Jesus.Não como mero supridor de desejos materiais, mas como único que pode outorgar vida abundante (João 10:10).

                Nosso mestre, demonstrou compaixão pelo estado em que as pessoas viviam, durante seu ministério terreno (Mateus 9:36). Jesus cumpriu conscientemente os dois papéis, de servo de Deus sofredor e, de filho do homem que completou sua obra de salvação e retornará a este mundo.

CONCLUSÃO

Quando uma igreja se torna socialmente responsável, faz diferença no mundo. É parte, do que diz documentos da CBB, sobre a filosofia de ação social:

 “A Ação Social desafia os próprios crentes a assumirem e viverem a Responsabilidade Social, afim de serem modelos para a sociedade e uma alternativa para o mundo.”

Que nos tornemos, uma igreja que, foca sua responsabilidade social, sem perder de vista  a única forma de transformação completa de uma pessoa: a conversão.

Pr. Marcos Panisset - Pastor da Igreja Batista Dois de Julho